No antigo anterior contamos a história da UIPA a mais antiga associação civil do Brasil, fundada em 1895. E mencionamos entre outras coisas que a entidade mantinha além do próprio abrigo, que na época era chamado de asilo, um hospital e um cemitério de animais. Todos estes serviços da entidade ficavam reunidos em um mesmo endereço, no final da rua França Pinto, onde hoje está o Parque do Ibirapuera.
Tão logo a UIPA estabeleceu-se na Vila Mariana, a entidade tratou de arrecadar fundos para tornar realidade a criação do primeiro hospital veterinário de São Paulo, décadas antes do poder público pensar em algo do gênero (o primeiro hospital veterinário público só chegou há alguns anos atrás). Para tanto eram feitos bailes de gala e campanhas arrecadatórias, com seus resultados divulgados nos jornais paulistanos, com o intuito de estimular outras pessoas a doarem ou se associarem a instituição.
Outro hábito da UIPA era divulgar mensalmente nos jornais de São Paulo as atividades da entidade em relação a seu campo de atuação, com os animais recolhidos, multas aplicadas etc, conforme a imagem.
Já o hospital veterinário tornou-se uma realidade no ano de 1929. No local antes até funcionavam atendimentos mas era muito mais simples. A enfermaria geral do então Hospital Zoophilo de São Paulo foi inaugurado no dia 15 de novembro daquele ano. A unidade foi chamada de Pavilhão Dr. Marcello Thiollier e vinha completar as demais instalações da UIPA que correspondiam a administração, área de isolamento, asilo e o cemitério. O total da área toda da UIPA com o novo hospital atingia 13.200 metros quadrados.
Fotos do hospital são bastante raras mas a UIPA, através de sua presidente Vanice Teixeira Orlandi, nos cedeu as imagens antigas que ilustram este artigo:
CEMITÉRIO DE ANIMAIS
Quem poderia imaginar que São Paulo já teve um local para enterrar seus animais ? É claro que hoje em dia temos opções disponíveis mas é algo relativamente recente. Entretanto, quando se fala na década de 1920 a realidade era outra. Vivíamos uma período de dificuldades e prioridades diferentes das atuais onde cemitérios de animais não faziam parte do cotidiano das pessoas.
Mesmo assim na segunda metade da década de 1920 a UIPA instalou em sua propriedade na rua França Pinto o Cemitério Zoophilo, primeiro cemitério de animais da Cidade de São Paulo, e que funcionou até o início da década de 70.
O cemitério funcionava exatamente igual ao funcionário para pessoas, com lápides, túmulos e esculturas dedicadas aos animais que ali estavam falecidos. A grande maioria dos animais que jaziam ali no cemitério da UIPA eram cães e gatos. Não conseguimos obter registros se outros animais foram também sepultados ali.
O cemitério era frequentemente visitado não apenas pelos donos dos animais que estavam ali enterrados mas também por outras pessoas que tinham curiosidade de conhecer. Era bastante comum que algumas lápides apresentassem uma foto do bicho de estimação falecido. Segundo apuramos o maior túmulo do antigo cemitério era uma grande cruz (foto acima) que foi a última morada de um pastor alemão.
Tudo foi desativado quando a UIPA foi obrigada a deixar o locarem 1972 por determinação do então prefeito Figueiredo Ferraz. A mudança levou o hospital, abrigo e administração da associação para a Marginal do Rio Tietê, no bairro do Pari. Entretanto, o cemitério de animais não teve a mesma sorte e foi destruído, restando apenas dois túmulos como lembrança no próprio parque do Ibiraquera. A entidade levou para sua nova sede uma escultura que fazia parte do cemitério.
Cemitérios convivendo junto de parques ou jardins são bastante comuns na Europa e até nos Estados Unidos, como na histórica cidade de Boston. Infelizmente, por aqui, nossas autoridades enxergavam diferente.
Abaixo mais fotos do cemitério de animais:
Fonte: São Paulo Antiga