Nesta que é a terceira e última parte de uma série de três textos sobre a história da União Internacional Protetora dos Animais em São Paulo (leia as partes 1 e 2 aqui), vamos falar um pouco mais de um assunto que já abordamos no texto sobre o hospital e cemitério de animais.
Quando falamos sobre o cemitério, explicamos que o mesmo foi desativado e destruído em 1972 por decisão da prefeitura paulistana para expandir o Parque do Ibiraquera e eliminar as atividades que não eram relacionadas ao parque que ainda existiam no local. Foi assim que a pequena necrópole de animais deixou de existir.
Apesar da insana e desnecessária destruição do local, já que em vários países do mundo parques convivem com cemitérios em total harmonia, nem tudo que estava ali desapareceu, sendo que há três lembranças do que outrora foi o cemitério de animais da UIPA no Ibiraquera. Duas delas estão ali mesmo no parque e a outra na própria sede da UIPA no Pari.
PINGUIM, O FIEL AMIGO:
A obra tumular ainda no Ibirapuera mais interessante, remanescente do antigo cemitério, é a mais difícil de se observar. Trata-se de um pequeno túmulo em formato de obelisco erigido em homenagem a um cão chamado Pinguim. O fiel amigo de Nina e Nice viveu de 1937 a 1946, quando foi sepultado no então Cemitério Zoófilo da UIPA.
Apesar do túmulo estar na área onde estava o antigo cemitério, é possível que apenas o obelisco tenha sobrevivido e não os restos mortais de Pinguim. Isso se dá ao fato do local original deste túmulo não ser exatamente ali e já ter sido movido de sua posição original algumas vezes desde 1972. Atualmente ele está ao lado do restaurante, próximo do portão 5.
O PASTOR ALEMÃO:
Algumas pessoas mais distraídas que percorrem a pista de cooper do Ibirapuera tomam um susto ao observar uma grande cruz de pedra entre as árvores próximas. E acabam por pensar que se trata de alguma marcação simbólica da igreja católica, mas na verdade trata-se de algo mais curioso.
A enorme cruz é o outro túmulo remanescente do antigo cemitério de animais da UIPA que havia no local. Apesar de não haver nenhuma informação mais escrita diante da cruz, é sabido que trata-se do túmulo de um pastor alemão.
Esta cruz pode ser vista na primeira foto que abre este artigo. Apesar de algumas pessoas afirmarem que até hoje este túmulo encontra-se no local original, o São Paulo Antiga não corrobora esta informação em virtude da grande mudança do local nos últimos 43 anos e pelo fato de não haver mais a planta do cemitério. Apesar disso, é seguro dizer que a cruz do pastor alemão está na área do antigo cemitério.
A ESCULTURA DE RAPHAEL GALVEZ
A mais significativa obra de arte tumular do extinto cemitério de animais de São Paulo foi salva da destruição. Trata-se da escultura da foto acima e que adornou o mais suntuoso túmulo que existiu na antiga necrópole. É uma belíssima escultura de uma mulher chorando a dor da perda de seus cães e foi esculpida por um dos grandes mestres do Liceu de Artes e Ofícios, Raphael Galvez.
A obra, talvez, seja até desconhecida por muitos admiradores do trabalho deste grande escultor brasileiro, uma vez que não encontramos referências a ela na maioria dos guias que falam de suas obras. As informações sobre os animais que estavam sepultados sob esta escultura se perderam com o tempo.
Ao contrário do túmulo de Pinguim e do pastor alemão que ficaram no Ibirapuera, a escultura de Raphael Galvez acompanhou a mudança da UIPA do Ibirapuera para o Pari e está até hoje no centro do pátio da entidade. Preservada para o futuro como uma eterna lembrança do cemitério que não eternizou seus sepultados.
Quer observar o monumento ? Faça uma visita a UIPA e aproveite para fazer um donativo a entidade ou, quem sabe, levar um novo animal de estimação para casa ? Há cães e gatos esperando por você!
Fonte: São Paulo Antiga